26 de set. de 2009

Ventos























Ventos

Já nem sei quando sejam madrugadas
- ou dias plenos, de um viver ardente...
Pois pelas minhas mais sutis estradas,
um vento aflito busca-te, imprudente!

Cavalga amaro e nas fundas passadas,
lacera os sonhos da espera silente.
Espera antiga, de vidas passadas,
que não permite o agora em meu presente.

Cavalga o vento, dia ou madrugada...
E tem-me a vida, morta, devastada,
cativa eterna de um existir tão só...

Duma promessa, por ti, imolada...
Vento cortante, que esta alma cansada,
sopra ferino... E me reduz a pó!

- Patricia Neme -

(Todos os direitos reservados à autora)

Mais poemas da autora aqui: Patrícia Neme

24 de set. de 2009

Insone II - Síndrome do ninho vazio.

Mais uma noite de insônia... Insônia e solidão... Olho à minha volta, e só vejo lembranças e saudades me espiando em cada canto desta casa que, se um dia já me pareceu pequena para abrigar tanta vida, tanta alegria, tantos planos e sonhos, agora se me afigura imensa... Imensa e silenciosa... Já não há brinquedos espalhados pelo chão, nem marcas de mãozinhas e rabiscos nas paredes, agora limpas e impessoais... Já não há beijinhos de boa noite, nem o caminhar cuidadoso para não acordar as crianças... Já não há crianças... Elas cresceram, criaram asas e alçaram vôo rumo ao infinito de seus próprios sonhos, deixando apenas seus rostinhos lindos preenchendo as molduras dos porta-retratos e o eco de seu riso cristalino a repercutir nos longes do passado e no silêncio das minhas noites insones e cheias de saudades!... Também já não há amor... Amores vieram e se foram, assim como o sol, que nasce lindo no horizonte, brilha por um tempo, e depois, inevitavelmente, declina rumo ao poente - mas o pôr-do-amor não é belo como o pôr-do-sol... O pôr-do-amor sempre é cinzento e dolorido, e não deixa estrelas nem luar atrás de si, mas sim um rastro de tristeza, desencantos, solidão e, mesmo assim, também saudades...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

20 de set. de 2009

Totsy e Rotsy - conto

Totsy e Rotsy - 19/12/2004.

Um era preto e outro branco. Como cor jamais foi importante para mim, eu nunca me preocupei em saber quem era Totsy nem quem era Rotsy. O que importava era a amizade que eu tinha por eles, meus pequenos e maravilhosos companheirinhos.
Nos meus doces anos de criança, eu passava horas brincando com aqueles dois cachorrinhos de plástico, com imãs nas bases. Era muito divertido: dependendo da posição, aproximar um do outro os afastava ou unia, em conseqüência dos lados positivo e negativo do imã. É claro que eu não entendia o motivo. O que me importava é que eles se afastavam ou se aproximavam como num passe de mágica. Ainda não havíamos entrado na era da eletrônica. Pequenos e simples brinquedos nos faziam extremamente felizes.Totsy e Rotsy. Não sei quem deu nome a eles. A minha pouca idade não permitia que eu me importasse com esse detalhe. Acredito que já vieram de fábrica com aqueles nomes.
Minha tia Celina, dona dos cachorrinhos, a tudo assistia. Talvez para me manter próximo dela, nunca permitiu que eu os levasse para minha casa. Ela sabia que eu iria querer brincar novamente. Assim, ela teria a garantia de que eu voltaria à sua casa, o que a mantinha feliz pelo enorme carinho que tinha por mim.
Isso tudo aconteceu em uma época em que criança era criança. O mundo dos adultos estava muito distante e completamente incompreensível aos pequeninos, mas, com certeza, bem mais humanizado do que hoje.Lembro dos pipoqueiros, sorveteiros, padeiros e leiteiros, dentre tantos outros que regularmente passavam por nossas ruas em seus carrinhos ou charretes. Eles já faziam parte do nosso cotidiano. Não existiam meninos de rua, drogas, assaltos, seqüestros, e tantos outros absurdos.
Mas o tempo ia passando e as minhas visitas à minha tia iam perdendo a freqüência. O interesse pelos dois cachorrinhos ia desaparecendo, sendo substituído por outros atrativos à medida que eu crescia. Enfim, virei adulto. Não podia mais brincar. Afinal, os valores eram outros. Assim como eu, o mundo também mudou. Esqueci completamente os meus amiguinhos.
Mais alguns anos se passaram. Minha tia partiu, deixando Totsy e Rotsy guardados com seus pertences. Eu continuava sem lembrá-los.
Um dia, quase sem querer, reencontrei os dois cachorrinhos jogados em uma caixa de antiguidades na garagem. Ainda unidos, desconheciam o que acontecera durante o abandono a que foram submetidos. Continuavam parceiros, como se o mundo não tivesse tido qualquer modificação. Ao vê-los, relembrei os bons momentos de minha infância, a forma como eu brincava com eles, como se fossem verdadeiros. Mas fiquei com uma dúvida: manter a situação ou trazê-los ao meu novo mundo, cheio de novidades desagradáveis. Após pensar muito, optei por deixá-los da forma em que estavam. Afinal, para que magoá-los, mostrando a realidade?
O mundo hoje está cheio de Totsy e Rotsy, possíveis amigos separados por preconceitos. Pessoas discriminadas pela raça, religião, situação financeira ou profissão, dentre outros absurdos.Pessoas se matam pelo mesmo Deus. Verdadeiros genocídios acontecem em nome da fé. Divergências religiosas afastam pessoas que poderiam conviver pacificamente.
A simples diferença de cor, principalmente preto e branco, impõe sanções sociais e profissionais sem conceder o mais sagrado direito de defesa. Ao nascer, dependendo da cor, o destino é traçado, com raríssimas exceções.
O que Totsy e Rotsy seriam neste mundo? Continuariam amigos ou se tornariam inimigos pela diferença de cor? Prefiro continuar me lembrando de Totsy e Rotsy dos meus tempos de infância, com a pureza de quem não se importa com as diferenças, mas sim com as semelhanças que temos com nosso Pai: somos todos irmãos, independente de cor, credo, ideologia, classe social ou cultural.
Que Deus nos permita que um dia sejamos iguais a Totsy e Rotsy, diferentes e iguais ao mesmo tempo, mas, acima de tudo, amigos fiéis e dedicados, despidos de qualquer preconceito.

Claer Augusto Borda
(Todos os direitos reservados ao autor)

19 de set. de 2009

Soneto al mar de la isla Saona



















SONETO AL MAR DE LA ISLA SAONA

Ah, ese mar tan calmo y transparente,
que me fascina y deslumbra la vista;
esa amplitud azul, que aquí, a mi frente,
se extiende hasta donde alcanza la vista…

Ese ondular tranquilo que, silente,
mece los sueños míos, y conquista
mi corazón y mi alma, dulcemente
- mar caribeño, obra de Dios-Artista -

lejos ya está, pero lo tengo ahora,
en frente a mí, llenando totalmente
la pantalla de mi computadora.

“Me ahondo” en ese azul, y a mí prometo,
que he de volver, y nostálgicamente,
aquí le escribo ahora este soneto.

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

Dica de português - mau ou mal?

Em minhas andanças pelo Orkut e blogs (e também na vida real), tenho observado uma certa confusão, principalmente entre os jovens, em relação ao uso das palavras “mal” e “mau”, exemplo: mal comportamento em lugar de mau comportamento; maucomportado, em vez de malcomportado; mal carátermau-caráter; mau-estarmal-estar, mal hábito mau hábito, etc. Por isso resolvi deixar aqui uma dica bem simples para se saber quando usar um ou outro termo. Não, não vou entrar em explicações gramaticais, falando sobre o fato de “mau” ser adjetivo, e “mal” ser substantivo e advérbio, etc. - é algo mais simples: sempre que tiver dúvida, pense no contrário. Exemplo:

Maucomportado ou malcomportado?

Vejamos, qual o antônimo de mau? É bom, lógico. E de mal? É bem

Então, como se diria de alguém que
tenha um bom comportamento?

Que é bom-comportado ou bem-comportado? Não há dúvida de que é bem-comportado. Logo, como o contrário de bem é mal, se não é bem-comportado, é malcomportado.

Assim, é só ter em mente:

bom/mau
bem /mal.


Espero que esta postagem tenha sido útil.

Eloah