24 de out. de 2009

Meu Casarão
















MEU CASARÃO

Era um bonito casarão de esquina,
com duas frentes, e um alto porão,
que o elevava bem acima da calçada
conferindo-lhe imponência,
status de mansão.

Na entrada principal, a escadaria
em mármore, levava a um mezanino,
em cuja balaustrada eu costumava
me debruçar e ficando a devanear,
me imaginando, qual linda princesa,
a subir os degraus, de braço dado
com meu amor, meu príncipe... em verdade,
apenas meu primeiro namorado.

Eu lá passei a minha adolescência
- o meu primeiro amor, primeiros versos;
o meu primeiro baile, tantos sonhos,
tanta saudade boa, tanta vida!
- Partes de mim que ainda lá estão,
talvez perdidas, no meio de estranhos,
ou no silêncio das noites vazias,
perambulando pelas peças frias,
- fantasmas tristes de um tempo que foi...

Ai, como dói saber (e dói demais!) -
meu casarão, onde fui tão feliz,
onde sonhei os meus mais belos sonhos,
onde espargi sorrisos, plantei esperanças,
colhi alegrias e escondi lembranças,
hoje é apenas um conglomerado
de escritórios e salas comerciais...

(Eloah Borda -D.A.Reservados)

1 de out. de 2009

Dualidade




















DUALIDADE

A noite é mágica
povoada de mistérios
- assombrações que inventamos,
de feras que nutrimos
sem saber…

A noite é calma,
suave, silenciosa.
A lua brilha nos céus
mística e bela,
numa luz de marfim
que é quase dia.

O anjo dorme.
A fera se levanta,
misteriosa e sombria
como a noite,
prenhe de energia
como a lua.

Fareja o ar
interrogando as sombras...
Olha ao redor,
sente, pressente, escuta,
e se insinua
por um caminho claro e proibido.

E vai timbrando
com pegadas de pantera,
a trilha azul
do anjo adormecido...


Téia de Borda de Lima
(Todos os direitos reservados à autora)