
MEU CASARÃO
Era um bonito casarão de esquina,
com duas frentes, e um alto porão,
que o elevava bem acima da calçada
conferindo-lhe imponência,
status de mansão.
Na entrada principal, a escadaria
em mármore, levava a um mezanino,
em cuja balaustrada eu costumava
me debruçar e ficando a devanear,
me imaginando, qual linda princesa,
a subir os degraus, de braço dado
com meu amor, meu príncipe... em verdade,
apenas meu primeiro namorado.
Eu lá passei a minha adolescência
- o meu primeiro amor, primeiros versos;
o meu primeiro baile, tantos sonhos,
tanta saudade boa, tanta vida!
- Partes de mim que ainda lá estão,
talvez perdidas, no meio de estranhos,
ou no silêncio das noites vazias,
perambulando pelas peças frias,
- fantasmas tristes de um tempo que foi...
Ai, como dói saber (e dói demais!) -
meu casarão, onde fui tão feliz,
onde sonhei os meus mais belos sonhos,
onde espargi sorrisos, plantei esperanças,
colhi alegrias e escondi lembranças,
hoje é apenas um conglomerado
de escritórios e salas comerciais...
(Eloah Borda -D.A.Reservados)