24 de set. de 2009

Insone II - Síndrome do ninho vazio.

Mais uma noite de insônia... Insônia e solidão... Olho à minha volta, e só vejo lembranças e saudades me espiando em cada canto desta casa que, se um dia já me pareceu pequena para abrigar tanta vida, tanta alegria, tantos planos e sonhos, agora se me afigura imensa... Imensa e silenciosa... Já não há brinquedos espalhados pelo chão, nem marcas de mãozinhas e rabiscos nas paredes, agora limpas e impessoais... Já não há beijinhos de boa noite, nem o caminhar cuidadoso para não acordar as crianças... Já não há crianças... Elas cresceram, criaram asas e alçaram vôo rumo ao infinito de seus próprios sonhos, deixando apenas seus rostinhos lindos preenchendo as molduras dos porta-retratos e o eco de seu riso cristalino a repercutir nos longes do passado e no silêncio das minhas noites insones e cheias de saudades!... Também já não há amor... Amores vieram e se foram, assim como o sol, que nasce lindo no horizonte, brilha por um tempo, e depois, inevitavelmente, declina rumo ao poente - mas o pôr-do-amor não é belo como o pôr-do-sol... O pôr-do-amor sempre é cinzento e dolorido, e não deixa estrelas nem luar atrás de si, mas sim um rastro de tristeza, desencantos, solidão e, mesmo assim, também saudades...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

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